Interações no uso de sondas nasoenterais
Naturalmente o nosso organismo necessita de nutrientes
indispensáveis a manutenção de nossas funções vitais. No entanto, existem
circunstâncias nas quais alguns pacientes hospitalizados ficam impossibilitados
de deglutirem devido a incapacidade/dificuldade em ingerir alimentos por via
oral, seja devido às complicações advindas da idade, limitação de mobilidade, ou
mesmo o tratamento indicado ao paciente (como jejum prolongado para cirurgias),
farmacoterapia (visto que alguns medicamentos reduzem o
apetite, bem como causam efeitos adversos como náuseas e vômitos ou reduzem a
absorção dos nutrientes) etc. Assim, eles não conseguem ingerir uma quantidade adequada de nutrientes para manter a saúde ou
recuperar o estado nutricional, sendo necessária a introdução da terapia
nutricional enteral (TNE), desde que a função absortiva não esteja comprometida
(SILVA; NUNES; BATISTA, 2020; SANTOS et al,
2017).
Entretanto,
ocorre também a administração de
medicamentos através destas
sondas, prática comum
na rotina hospitalar. Para esta tarefa, comumente os medicamentos
sólidos são triturados ou suas cápsulas são abertas, propiciando o
comprometimento da biodisponibilidade dos fármacos, obstrução da
sonda enteral, interação
fármaco-fármaco quando ocorre
a administração simultânea de
dois ou mais medicamentos via sonda e interação fármaco-nutrientes quando
administrados concomitantemente com alimentos (SILVA; NUNES; BATISTA, 2020).
Estes erros se dão devido a problemas com relação às boas práticas de preparo e administração de medicamentos através de sondas enterais, assim como há poucos estudos que comprovem perda de eficácia dos medicamentos que são triturados e administrados por sondas enterais. É possível ainda citar a falta de capacitação das equipes para administrar medicamentos via sonda. Por isso, ao se preparar um medicamento para administração via sonda enteral, um farmacêutico deve ser consultado para que este faça uma avaliação farmacológica bem como farmacotécnica, a fim de se detectar se há a possibilidade de ocorrer interações, bem como sugerir, se possível, a utilização de formas farmacêuticas líquidas, buscando outro princípio ativo, com atividade terapêutica similar, ou até utilizar outras vias de administração. Adotar tais condutas pode propiciar redução dos custos e tempo de internação hospitalar (ALMEIDA; GENARO, 2019; SANTOS et al, 2017).
Segue abaixo uma tabela contendo algumas interações que ocorreram durante o uso de sondas nasoenterais, e que foram notificadas por estudos realizados em hospitais e documentados na forma de artigos científicos publicados.
REFERÊNCIA
ALMEIDA, Camila Montini de; GENARO, Sandra Cristina. Cuidados na administração de medicamentos por sonda enteral. Colloquium Vitae, [s.l.], v. 11, n. 3, p. 10-19, 20 dez. 2019.
SANTOS, Germana; PINTO, Jayane; VASCONCELOS, Fábio; FONTENELE, Antonio; NETA, Maria Barros; RIOS, Ana Jéssica; MELO, Tiago. Caracterização dos medicamentos administrados por sonda de nutrição e as possíveis interações fármaconutrição enteral. Revista Brasileira de Farmácia Hospitalar e Serviços de Saúde, [s.l.], v. 08, n. 3, p. 31-36, 2017.
SILVA, Isadora Dávila da; NUNES, Michelle
Silva; BATISTA, Almária Mariz. Processo de padronização de medicamentos orais
para administração via sonda enteral para hospital universitário materno‑infantil. Infarma - Ciências Farmacêuticas,
[s.l.], v. 32, n. 1, p. 30-40, 6 abr. 2020.
Comentários
Postar um comentário